Vinde, subamos juntos ao Monte das Oliveiras; vamos ao encontro de Cristo. Ele vem hoje de Betânia e avança de livre vontade para a sua santa e bem-aventurada Paixão, a fim de levar a termo o mistério da nossa salvação. Vem, pois, a caminho de Jerusalém, Aquele que desceu do Céu por nós, quando jazíamos nas profundezas, a fim de nos elevar com Ele, como dizem as Escrituras,«acima de todas as potestades e de todos os seres que nos dominam, seja qual for o seu nome» (Ef 1,21).
Mas vem sem ostentação e sem fausto. Porque, como diz o profeta, «Ele não protestará, não gritará, não fará ouvir a sua voz» (Is 42,2). Será manso e humilde, fará a sua entrada sem alarde.
Vamos, corramos para Aquele que Se apressa para a sua Paixão; imitemos aqueles que correram à sua frente. Não para estender sobre o caminho, como eles fizeram, ramos de oliveira, vestes ou palmas.
Nós próprios é que nos devemos inclinar diante dele, tanto quanto pudermos, por humildade de coração e rectidão de espírito, a fim de acolhermos o Verbo que vem (Jo 1,9), a fim de que Deus encontre lugar em nós, Ele que nada pode conter.
Porque Ele Se alegra por Se mostrar assim, em toda a sua mansidão, Ele que é manso, «Ele que se eleva acima do sol posto» (Is 14,14), quer dizer, acima da nossa condição degradada. Pois veio para ser o nosso companheiro, para nos elevar e reconduzir a Si pela palavra que nos une a Deus.
Santo André de Creta (660-740), monge, bispo
Homilia para o Domingo de Ramos