Ó meu Deus, que amas perdoar, meu Criador, faz descer sobre mim o fulgor da Tua luz inacessível para que ela encha de alegria meu coração.
Ah! não Te irrites! Ah! não me abandones!
Faz resplandecer a minha alma com a tua luz, porque a tua Luz, ó meu Deus, és Tu.
Afastei-me do caminho recto, do caminho de Deus, e caí lamentavelmente da glória que me tinha sido dada.
Fui despojado da veste luminosa, da veste de Deus, caído nas trevas, nas trevas permaneço, e nem sequer sei que estou privado da Luz.
Porque, se Tu brilhaste no alto, se apareceste na obscuridade, se vieste ao mundo, ó Misericordioso, se quiseste viver com os homens, segundo a nossa condição, por amor ao homem, se disseste que eras a luz do mundo (Jo 8,12)
e, ainda assim, nós não Te vimos, não seremos nós totalmente cegos e mais desgraçados do que os próprios cegos, ó meu Cristo?
Mas Tu, que és todos os bens, Tu os dás sem cessar aos teus servos, aos que vêem a tua luz.
Quem Te possui realmente possui tudo em Ti.
Que eu não seja privado de Ti, Mestre!
Que eu não seja privado de Ti, Criador!
Que eu não seja privado de Ti, Misericordioso, eu que sou um pobre estrangeiro.
Peço-Te: dá-me um lugar junto de Ti, mesmo que eu tenha multiplicado meus pecados mais que todos os homens.
Aceita a minha oração como a do publicano (Lc 18,13), como a da prostituta (Lc 7,38), Mestre, ainda que eu não chore como ela.
Pois Tu és a nascente da piedade, a fonte da misericórdia e o rio da bondade,
tem piedade de mim!
Sim, Tu que tiveste as mãos e os pés pregados na cruz, que tiveste o lado trespassado pela lança, ó todo-Compassivo, tem piedade de mim e arranca-me ao fogo eterno.
Que nesse dia eu me erga sem condenação diante de Ti, para ser acolhido na sala das tuas núpcias, em que partilharei a tua felicidade, meu bom Mestre, numa alegria inexprimível, por todos os séculos. Ámen!
Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego
Hino 45