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A noite que nos liberta do sono da morte

Vigiemos, irmãos, porque até esta noite Cristo permaneceu no túmulo. Foi durante esta noite que se deu a ressurreição da carne. Sobre a cruz, ela foi alvo de irrisão; hoje, os céus e a terra a adoram.

Esta noite faz já parte do nosso domingo. Era mesmo preciso que Cristo ressuscitasse durante a noite, uma vez que a Sua ressurreição iluminou as nossas trevas. Tal como a nossa fé, fortificada pela ressurreição de Cristo, afasta todo o sono, assim esta noite, iluminada pelas nossas velas, se enche de claridade. Ela faz-nos esperar, com a Igreja espalhada por toda a Terra, que não sejamos surpreendidos a meio da noite (Mc 13,33).

Em muitos países onde esta festa, tão solene para todos, reúne os povos em nome de Cristo, o sol já se pôs, mas o dia ainda não acabou; a claridade do céu deu lugar às luzes da terra.

Aquele que nos deu a glória do seu nome (Sl 28,2) iluminou também esta noite. Aquele a quem dizemos «Tu iluminas as minhas trevas» (Sl 18,29) derrama a Sua claridade nos nossos corações.

E, assim como os nossos olhos deslumbrados contemplam as velas acesas, assim o nosso espírito iluminado nos faz ver como esta noite é luminosa – esta santa noite em que o Senhor começou na Sua própria carne a vida que não conhece o sono nem a morte!

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
2ª homilia para a Noite Santa

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