«Ando errante como ovelha tresmalhada; vinde em busca do vosso servo» (Sl 118,176). Senhor, eu sou a pobre ovelha que se perdeu quando corria atrás da satisfação dos seus gostos e dos seus caprichos.
Mas Tu, que és simultaneamente Pastor e Cordeiro, Tu desceste do céu para me salvar, imolando-Te na cruz como vítima em expiação pelos meus pecados: «Eis o Cordeiro de Deus.»
Assim, pois, se quero corrigir-me, nada tenho a temer.
«Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo» (Is 12,2). Tu entregaste-Te a mim e, para me inspirares confiança, não podias dar-me maior prova da tua misericórdia.
Querido Menino! Tenho tanta pena de Te ter ofendido! Fiz-Te chorar no estábulo de Belém; mas sei que vieste procurar-me.
Por isso, lanço-me a teus pés e, a despeito da pobreza e da humilhação em que Te vejo nesse presépio e sobre essa palha, reconheço-Te como meu rei e meu soberano Senhor.
Compreendo o sentido das tuas doces lágrimas, que me convidam a amar-Te e me pedem o coração.
Ei-lo aqui, meu Jesus, estou hoje a teus pés para To oferecer. Muda-o, abrasa-o, porque desceste do céu para abrasar os corações com o Teu santo amor.
Oiço-Te dizer-me desse presépio: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração» (Mt 22,37; Dt 6,5); e respondo-Te: «Meu Jesus, se não Te amar a Ti, meu Senhor e meu Deus, a quem amarei?»
Santo Afonso-Maria de Ligório (1696-1787), bispo, doutor da Igreja