Salvé ó Cheia de Graça

«Salve, ó cheia de graça»

A degenerescência do pecado tinha obscurecido a beleza da nossa nobreza original.

Mas quando nasce a Mãe da Beleza suprema, a nossa natureza readquire a sua pureza e vê-se moldada segundo o modelo perfeito e digno de Deus (Gn 1,26).

Todos nós tínhamos preferido o mundo de baixo ao do alto. Não nos restava qualquer esperança de salvação; o estado da nossa natureza pedia socorro ao céu. Finalmente, o divino artesão do universo decidiu fazer surgir um mundo novo, um mundo todo ele harmonia e juventude. Maria e o Menino

Não seria conveniente que uma virgem puríssima e sem mácula se pusesse ao serviço deste plano misterioso?

E onde encontrar essa virgem senão nesta mulher única entre todas, eleita pelo Criador do universo antes de todas as gerações? Sim, Ela é a Mãe de Deus, Maria de nome divino, cujo seio deu à luz o Deus encarnado, que Se havia preparado de modo sobrenatural para ser um templo.

Assim, o desígnio do Redentor da nossa raça era produzir um nascimento e como que uma nova criação para substituir o passado.

Foi por isso que, tal como no Paraíso havia extraído da terra virgem e sem mácula um pouco de pó para moldar o primeiro Adão (Gn 2,7), no momento de realizar a sua própria encarnação Se serviu, por assim dizer, de outro solo, ou seja, desta Virgem pura e imaculada, escolhida de entre todos os seres que criara.

Foi nela que Ele nos renovou a partir da nossa própria substância e Se tornou um novo Adão (1Cor 15,45), Ele que era o Criador de Adão, para que o antigo fosse salvo pelo novo e o eterno.

Santo André de Creta (660-740), monge, bispo
Sermão 1 para a Natividade da Mãe de Deus; PG 97, 812

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