Obedientes ao Pai, a imitação do Filho

«Seja feita a vossa vontade!» (Mt 6,10) Isto resume toda a vida do Salvador. Ele veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, não apenas para expiar o pecado de desobediência com a sua obediência (Rom 5,19), mas também para conduzir os homens à sua vocação no caminho da obediência.

A vontade dos seres criados não está feita para ser livre sendo senhora de si própria; está chamada a conformar-se com a vontade de Deus. Se com ela se conformar por submissão livre, é-lhe dado participar livremente no aperfeiçoamento da criação.

Se se recusar a fazê-lo, a criatura livre perde a sua liberdade. A vontade do homem mantém o livre arbítrio, mas ele é seduzido pelas coisas deste mundo, que puxam por ele e o empurram em direcções que o afastam do desenvolvimento da sua natureza tal como Deus a quis, e da finalidade que ele próprio estabeleceu na sua liberdade original.

Para além desta liberdade original, perde a segurança da sua resolução, torna-se vago e indeciso, é importunado por dúvidas e escrúpulos, ou fica endurecido no seu desregramento.

Contra isso, não há outro remédio senão seguir a Cristo, o Filho do homem, que, não só obedecia directamente ao Pai dos Céus, como também Se submeteu aos homens que para Ele representavam a vontade do Pai.

A obediência tal como Deus a quis liberta a nossa vontade escrava de todos os laços com as coisas criadas e devolve-lhe a liberdade. É também o caminho para a pureza do coração.

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa 
Meditação para a festa da Exaltação da Santa Cruz