«Brilha para todos os que estão em casa»
Encher de luz o mundo, ser sal e luz – assim definiu o Senhor a missão dos seus discípulos. Levar até aos confins da Terra a boa nova do amor de Deus – a isso devem dedicar a vida, de um modo ou de outro, todos os cristãos. A graça da fé não nos foi concedida para ficar oculta, mas para brilhar diante dos homens.
Talvez algum de vós me pergunte como pode transmitir esse conhecimento às pessoas. E eu respondo-vos: com naturalidade, com simplicidade, vivendo como viveis, no meio do mundo, entregues ao vosso trabalho profissional e aos cuidados da vossa família, participando em todos os ideais nobres, respeitando a legítima liberdade de cada um.
A vida corrente pode ser santa e cheia de Deus; o Senhor chama-nos a santificar o trabalho quotidiano, porque aí está também a perfeição do cristão.
Não nos esqueçamos de que a quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na Terra decorreram de forma muito semelhante à vida diária de muitos milhões de mulheres, ocupadas em cuidar da sua família, em educar os seus filhos, em levar a cabo as tarefas do lar. Maria santifica as mais pequenas coisas, aquilo que muitos consideram – erradamente – não transcendente e sem valor.
Bendita normalidade, que pode estar cheia de tanto amor de Deus! Na verdade, é isso que explica a vida de Maria: o amor. Um amor levado até ao extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, contente por estar onde Deus quer que esteja e cumprindo com esmero a vontade divina. É isso que faz com que o mais pequeno dos seus gestos nunca seja banal, mas cheio de significado.
Havemos de procurar ser como Ela nas circunstâncias concretas em que Deus quis que vivêssemos.
São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
«Cristo que passa», homilia de 4 de maio de 1957, §§ 147-148