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«José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa»

As razões e os motivos pelos quais S. José é especialmente patrono da Igreja e que fazem com que, em troca, a Igreja espere muito da sua protecção e do seu patrocínio, são que José foi o esposo de Maria e foi considerado o pai de Jesus Cristo. Daí a sua dignidade, o seu favor, a sua santidade, a sua glória.

É certo que a dignidade da Mãe de Deus é tal, que nada pode ser criado acima dela. Todavia, como José esteve unido à bem-aventurada Virgem através do laço conjugal, não se pode duvidar de que se tenha aproximado mais do que ninguém dessa dignidade supereminente pela qual a Mãe de Deus ultrapassa em muito todas as naturezas criadas.

Com efeito, o matrimónio é a relação pessoal e a união mais íntima de todas; ele pressupõe, pela sua própria natureza, uma comunidade de bens entre os cônjuges.

Por isso, ao dar-lhe José como esposo, Deus deu à Virgem, não apenas um companheiro para a vida, uma testemunha da sua virgindade e um guardião da sua honra, mas também, em virtude do próprio pacto conjugal, um participante na sua dignidade sublime.

De maneira semelhante, José brilha entre todos pela sua enorme dignidade, porque foi, por vontade divina, o guardião do Filho de Deus, considerado seu pai pelos homens. Donde resultava que o Verbo de Deus estava humildemente submetido a José, lhe obedecia, e cumpria todos os deveres que as crianças devem cumprir com seus pais.

Desta dupla dignidade decorriam naturalmente os encargos que a natureza impõe aos pais de família, de tal maneira que José era o guardião, o administrador e o defensor legítimo e natural daquela família divina da qual era o chefe.  Ora, a divina família que José governava com autoridade de pai continha as primícias da Igreja nascente.

São estas as razões pelas quais o bem-aventurado Patriarca considera que lhe está particularmente confiada a multidão dos crentes que constitui a Igreja.

Leão XIII (1810-1903), papa
Encíclica «Quanquam pluries»

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