«Eu sou o Pão da Vida»
É admirável que Deus tenha feito chover o maná sobre os nossos pais e que eles tenham sido diariamente saciados com o pão do céu.
É por isso que está escrito: «O homem comeu o pão dos anjos» (Sl 77,25).
Contudo, os que comeram este pão do deserto estão todos mortos.
Pelo contrário, o alimento que agora recebes, este Pão vivo que desceu dos céus, é sustento para a vida eterna, e quem come deste Pão não morrerá jamais. Ele é o Corpo de Cristo.
Esse maná era do céu, este é do cimo dos céus; aquele era um dom do céu, este é o Senhor dos céus; aquele estava sujeito à corrupção quando era guardado nem que fosse até ao dia seguinte, a este é estranha toda a corrupção: quem dele prova com respeito não pode ser tocado pela corrupção.
A água brotou dos rochedos para os hebreus, para ti brota o sangue de Cristo. A água saciou-os por momentos, o sangue lava-te para sempre.
Os hebreus beberam e têm sede, mas tu, depois de teres bebido, nunca mais poderás ter sede (cf Jo 4,14).
Aquilo era a pré-figuração, isto é a verdade plena.
O maná era a «sombra do que devia vir» (Col 2,17).
Escuta o que foi manifestado a nossos pais: «De facto, todos bebiam de um rochedo espiritual que os seguia, que era Cristo» (1Cor 10,4).
Tu conheceste o cumprimento, tu viste a luz plena, a verdade pré-figurada, o corpo do Criador.
Sobre aquilo que comemos e aquilo que bebemos, diz o Espírito Santo: «Saboreai e vede como o Senhor é bom; feliz o homem que nele se abriga» (Sl 33,9).
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre os mistérios, 48-49, 58