Estes homens estavam prontos para trabalhar, mas ninguém os contratara; eram laboriosos, mas estavam ociosos por falta de trabalho e de patrão.
Foi então que uma voz os contratou, que uma palavra os pôs a caminho e, no seu zelo, não combinaram previamente o preço do seu trabalho, como tinham feito os primeiros.
O senhor avaliou a sua tarefa com sabedoria e pagou-lhes o mesmo que aos outros. Nosso Senhor proferiu esta parábola para que ninguém diga: «Como não fui chamado na juventude, não posso ser recebido.»
Mostrou assim que, seja qual for o momento da sua conversão, todos os homens serão acolhidos.
Ele saiu ao romper da manhã, pelas nove horas, pelo meio-dia, pelas três da tarde e pelas cinco da tarde; podemos aplicar isto ao começo da sua pregação, depois ao curso da sua vida e finalmente à cruz, pois foi aí, à última hora, que o bom ladrão entrou no Paraíso (Lc 23,43).
Para que não nos ocorra incriminar o ladrão, Nosso Senhor afirma a sua boa vontade: se tivesse sido contratado, teria trabalhado, mas ninguém o contratara.
Aquilo que damos a Deus é claramente indigno dele, e aquilo que Ele nos dá fica muito além do que merecemos.
Somos contratados para um trabalho proporcional às nossas forças, mas recebemos um salário totalmente desproporcionado.
Ele trata da mesma maneira os primeiros e os últimos: todos receberam um denário com a efígie do Rei, que significa o Pão da Vida (Jo 6,35), que é o mesmo para todos; com efeito, o remédio da vida é o mesmo para todos os que o tomam.
Não podemos censurar ao senhor da vinha a sua bondade, nem podemos comentar negativamente a sua justiça: na sua justiça, ele pagou o que tinha combinado, e na sua bondade mostrou-se misericordioso como quis.
Foi para nos dar este ensinamento que Nosso Senhor proferiu esta parábola, resumindo tudo isto com estas palavras: «Não me será permitido dispor dos meus bens como entender?»
Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja
Comentário ao evangelho correspondente, 15, 15-17; SC 121