Confiaste-me

«Confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei»

Sempre o homem procurou, com o seu trabalho e engenho, desenvolver mais a própria vida. Muitas são as questões que se levantam entre os homens, perante este imenso empreendimento, que já atingiu todo o género humano. Qual o sentido e valor desta actividade? Como se devem usar estes bens?

Uma coisa é certa para os crentes: a actividade humana individual e colectiva, aquele imenso esforço com que os homens, no decurso dos séculos, tentaram melhorar as suas condições de vida, corresponde à vontade de Deus.

Pois o homem, criado à imagem de Deus, recebeu o mandamento de dominar a terra com tudo o que ela contém (Gn 1,26ss), de governar o mundo na justiça e na santidade e, reconhecendo Deus como Criador universal, de se orientar a si e ao universo para Ele; de maneira que, estando todas as coisas sujeitas ao homem, seja glorificado em toda a terra o nome de Deus. Isto aplica-se também às actividades de todos os dias.

Mas quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária. Vê-se, portanto, que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desatender o bem dos seus semelhantes, mas que, antes, os obriga ainda mais a realizar essas actividades.

A actividade humana, do mesmo modo que procede do homem, assim para ele se ordena. De facto, quando age, o homem não transforma apenas as coisas e a sociedade, mas realiza-se a si mesmo.

O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem. Do mesmo modo, tudo o que o homem faz para conseguir mais justiça, mais fraternidade, uma organização mais humana das relações sociais, vale mais do que os progressos técnicos.

Concílio Vaticano II
Constituição dogmática sobre a Igreja no mundo actual «Gaudium et spes», §§ 33-35

 

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