Felizes os que

«Felizes os que crêem sem terem visto»

Na sua fraqueza, os discípulos vacilaram a tal ponto que, não se contentando em ver o Senhor ressuscitado, quiseram ainda tocar-Lhe para nele crerem.

Não lhes bastou ver com os seus próprios olhos, fizeram questão de aproximar as mãos das Suas e de tocar as cicatrizes das Suas feridas recentes.

Foi depois de sentir e de confirmar essas cicatrizes que o discípulo incrédulo exclamou: «Meu Senhor e meu Deus!»

Eram as cicatrizes daquele que curava todas as feridas dos outros: não poderia o Senhor ter ressuscitado sem elas? Mas quis mantê-las no Seu corpo para com elas curar as feridas que via no coração dos Seus discípulos.

E que respondeu o Senhor à confissão da fé do discípulo que disse: «Meu Senhor e meu Deus»? «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto.»

De quem falará o Senhor senão de nós, irmãos? E não só de nós próprios, mas de todos aqueles que virão depois de nós, uma vez que, logo após Ele Se ter apartado do olhar dos mortais para assim lhes fortificar a fé no coração, todos os que vieram depois a converter-se creram sem terem visto, o que só lhes aumenta o mérito da fé: em vez de aproximarem do Senhor a mão que queria tocar-Lhe, foi o coração ardente que dEle aproximaram.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 88, 2

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