A pobreza do Nosso Salvador é ainda maior que a do animal mais pobre deste mundo: «as raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» Esta era a realidade. Não tinha uma casa Sua, não tinha morada fixa.
Os Samaritanos tinham-No expulsado e teve de procurar abrigo (Lc 9,53). Tudo era incerto: o alojamento, a alimentação. Tudo aquilo de que Se servia era esmola dos outros.
Isto é realmente a grande pobreza; e como é tocante quando sabemos que Ele é o Deus-Homem, o Senhor do Céu e da Terra, e tudo o que podia ter possuído! Mas ao mesmo tempo é isso que torna a Sua pobreza esplêndida e rica, no sentido em que se trata de uma pobreza voluntária, escolhida por amor a nós e com a intenção de nos enriquecer (cf 2Cor 8,9).
Somos abençoados ao ser chamados a partilhar, à nossa maneira modesta, a imensa pobreza deste grande Deus. Estremecemos de alegria perante esta magnífica errância que é a nossa vida.
Não erramos, mas cultivamos o espírito do abandono. Não possuímos nada para viver e, no entanto, vivemos com esplendor; nada sobre que avançar e no entanto avançamos sem medo; nada em que nos apoiarmos e no entanto apoiamo-nos em Deus com confiança porque somos dEle e Ele é o nosso Pai previdente.
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«Jesus, the Word to Be Spoken», cap. 8, 31