Felizes os que

«Felizes os puros de coração»

«E sentando-Se, tomou a palavra.» Como eu gostaria de me sentar com Jesus no monte, de me sentar a Seus pés e receber a Sua doutrina! No meio da multidão, Ele está de pé, Ele anda, Ele age, Ele cansa-Se, Ele é empurrado, pelo que não é possível, nem a Ele nem aos Seus discípulos, comer o pão da vida e da inteligência, beber a água da sabedoria (Ecl 15,3), que se bebe com calma e que é extraída pelos que estão em paz, porque o poço é fundo (Jo 4,11).

Assim, tomando a palavra para Se dirigir ao coração de Jerusalém (Is 40,2), falando-lhe no deserto (Os 2,16), isto é, no alto do monte, Ele disse: «Felizes os puros de coração». A própria Bem-aventurança fala da felicidade; o voluntariamente Pobre, da Pobreza; o Rei, do reino; o Consolador (Jo 14,16), da consolação; o verdadeiro Pão (Jo 6,35), da saciedade; a própria Misericórdia, da misericórdia; a Pureza de coração, da purificação do coração; a verdadeira Paz e o Filho por natureza, da pacificação e da adoração filial.

«Felizes os puros de coração». É com muita sabedoria  que Ele propõe a todos, antes de mais, que todos procurem. Quem não gostaria de ser feliz? Porque se entregam os homens a lutas, a actividades perniciosas, a humilhações infligidas e sofridas? Não é para arrancar, de uma forma ou de outra, e como podem, aquilo que lhes parece, de algum modo, conduzir à felicidade?

É por isso que aquele que ensina todos os homens começa por reconduzir ao bom caminho os que se desviam; aquele que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6) começa assim: «Felizes os puros de coração.»

Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense
Sermão 1 para o dia de Todos os Santos ; SC 130

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