Levantando-se, voltaram

«Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém»

Os dois discípulos de Emaús, depois de terem reconhecido o Senhor, «partiram imediatamente» (Lc 24,33) para comunicar o que tinham visto e ouvido.

Quando se faz uma verdadeira experiência do Ressuscitado, alimentando-se do Seu corpo e do Seu sangue, não se pode reservar para si mesmo a alegria sentida.

O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar.

Quis sublinhá-lo precisamente, referindo-me às palavras de Paulo: «Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha» (1Cor 11,26).

O Apóstolo coloca em estreita inter-relação o banquete e o anúncio: entrar em comunhão com Cristo no memorial da Páscoa significa ao mesmo tempo experimentar o dever de fazer-se missionário do acontecimento que esse rito actualiza.

A despedida no final de cada Missa constitui um mandato, que impele o cristão para o dever de propagação do Evangelho e de animação cristã da sociedade.

Para tal missão, a Eucaristia oferece, não apenas a força interior, mas também, em determinado sentido, o projecto. Na realidade, aquela é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura. Para que isso aconteça, é necessário que cada fiel assimile, na meditação pessoal e comunitária, os valores que a Eucaristia exprime.

Ou seja, acção de graças: a Eucaristia induz-nos a um «obrigado» perene — nisto consiste a atitude eucarística — por tudo o que temos e somos; o caminho da solidariedade: o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade, em todas as circunstâncias da vida; o serviço dos últimos, um compromisso real na edificação duma sociedade mais equitativa e fraterna: inclinando-Se para lavar os pés dos Seus discípulos (Jo 13,1), Jesus explica de forma inequívoca o sentido da Eucaristia.

São João Paulo II (1920-2005), papa
Carta apostólica «Mane nobiscum Domine» §§24-28 (trad. copyright Libreria Editrice Vaticana, rev) 

 

Comments are closed.