Jesus bendito, que me ensinaram os homens que Tu não me tenhas ensinado na Tua cruz?
Ontem vi claramente que só aprendemos acorrendo a Ti e só Tu nos dás forças nas provas e tentações; que somente ao pé da Tua cruz, vendo-Te pregado a ela, aprendemos o perdão, a humildade, a caridade, a bondade.
Não Te esqueças de mim, Senhor; olha para mim, prostrado na Tua frente, e concede-me o que Te peço.
Depois, que venham os desprezos, que venham as humilhações, que me importa!
Contigo a meu lado tudo posso. A lição prodigiosa, admirável, inexprimível que me dás com a Tua cruz dá-me forças para tudo.
Cuspiram-Te, insultaram-Te, flagelaram-Te, pregaram-Te a uma cruz e, sendo Tu Deus, perdoaste, calaste-Te humildemente e ofereceste-Te a Ti próprio.
Que posso dizer da Tua Paixão?
É melhor não dizer nada e que, no fundo do meu coração, medite no que o homem nunca poderá chegar a compreender; que me contente com amar profundamente, apaixonadamente, o mistério da Tua Paixão.
Que doce é a cruz de Jesus! Que doce é sofrer perdoando! Como não ficar louco?
Ele mostra-me o Seu coração aberto aos homens e por eles desprezado. Onde já se viu e quem alguma vez sonhou suportar tamanha dor? Como vivemos bem no coração de Cristo!
São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol
Escritos espirituais 07/04/1938