Cada Eucaristia é única
Na estrada da vida cruzámo-nos com tanta gente. Uns apanham o mesmo comboio que nós, sentam-se ao nosso lado e na mesma carruagem permanecem algum tempo, outros entram mas saem na paragem seguinte, outros compraram ingresso vitalício e estão connosco há tanto tempo que já nem conseguimos contabilizar quantos anos e outros ainda, esses sim, ainda que cheguem, quando a nossa viagem já vai longa e o sol se está quase a pôr, conseguem ter o privilégio de dar um novo impulso à locomotiva e levar, pouco a pouco, as carruagens todas atrás do compasso deles. São verdadeiros mensageiros e amigos na acepção da palavra.
A estrada, nalguns sítios tem asfalto, noutros apenas terra batida e de difícil passagem. A caminhada faz-se a passo lento e a maior parte da estrada é em terra batida.
Bem que, às vezes, tentamos correr apressados com o coração a bater forte, não querendo ver nada nem ninguém mas o solo não o permite e caímos. A princípio, envergonhados, erguemo-nos com feridas e tentamos caminhar. A dor é forte, rasga a alma e o espírito. Entretanto, por entre as lágrimas, vemos uma mão, forte, estendida que quer agarrar a nossa, mas o nosso orgulho e vaidade obrigam-nos a virar a cara e a querer erguermo-nos sozinhos. Com dificuldade lá nos aprumamos e continuamos a caminhada com muitas quedas e trambolhões. Tocam os alarmes do Espírito Santo com os Seus avisos. Ignoramos.
Temos de avançar, temos pressa, não temos tempo para nada, até que um dia precisamos parar.
Faz-se um clic. Aceitamos aquela mão estendida e experimentamos, pouco a pouco, o sabor e o paladar da verdadeira vida que há muito deixámos. A vida não pode ter a cor cinzenta, temos de a colorir com as cores do Amor de Jesus.
O Caminho faz-se de pequenos registos numa fita magnetizada de amor que um dia Deus irá rebobinar e numa tela fazer passar os acontecimentos e as acções boas e más, uma a uma, e a recompensa ser-nos-á dada.
Ir à Igreja aos domingos e dias santos é uma obrigação de acordo com a Sua vontade. E cada Eucaristia é única, ela não se repete. Não nos damos conta que aqueles momentos têm de ser sentidos, pois segunda oportunidade não há.
Assim como o dia de ontem já não volta, a Eucaristia de há duas semanas e a de há uma semana, não se repetem.
Façamos de cada dia, e principalmente dos domingos, dias de visita obrigatória à Sua Casa e repletos de Amor a Deus. Não esqueçamos, Ele espera-nos, estamos convidados para o Seu Banquete. Não O façamos esperar.
Mas também não podemos ir por ir, isto é, fazer um culto fingido, desonesto e falso. Se temos alguma coisa contra o nosso irmão, se estamos zangados com alguém, não vale a pena ir adorá-l’O pois Ele tudo vê e considera essa devoção adulterada.
Diz Jesus: “vai ter com o teu irmão, faz as pazes, acalma a irritação, depois, arrependido, com o coração contrito e pesaroso vai ter com Deus e agora, sim, a tua prece será ouvida”.
“Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” baseia-se no passo que teremos de dar ao encontro de quem nós ferimos e de quem nos magoou também, deixarmos a Palavra de Deus sondar, depois moldar o nosso coração desagregando a carapaça da mágoa, para sempre. Nesta altura estaremos certos que Deus escutará as nossas singelas preces.
Para rezar é preciso ter o coração limpo. Precisamos do arrependimento, do perdão de Deus e do abandono do pecado. Enfim, precisamos de uma vida de verdadeiro amor ao Senhor Jesus e aos outros, como Ele nos ensinou no grande mandamento.
Fácil? Não é. Acomodamo-nos, às vezes, durante muito tempo e o primeiro passo é difícil de dar.
Façamos dos nossos dias uma dádiva permanente a Jesus e veremos a cor cinzenta dar lugar à cor do Amor.
I.A.